CRISTINA FREITAS
( BRASIL – MINAS GERAIS )
Belo Horizonte/ MG.
Poeta, é graduanda (era, em 2009) em Letras pela UIT, e Educação.
Vivia em Itaúna/MG.
ATO – REVISTA DE LITERATURA. NO. 6. Belo Horizonte: Gráfica e Editora O Lutador, janeiro de 2009. Editores: Camilo Lara, Rogério Barbosa da Silva e Wagner Moreira. 21,5 X 52 cm. 52 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
Não por milagre a palavra
se torna forma, figura, gesto.
Entrelaça-se no tempo e diz.
A consistência do que pretende
transfigura-se a nosso modo.
Pedaços do inconsciente materializado.
Hoje, talvez, a palavra buscasse
cumprir seu papel de expressar,
muito além do significado.
Mas por um instante é consumida.
Ignora-se sua própria insistência
e mesmo a força mais sublime
a impede de falar.
Deslizo sobre o papel
todos os versos.
Nele se encerra
ou inicia-se
vontade contida
calada, falada.
Não se diz muito
e a caneta nem tudo
pode escrever.
Bem que ela queria
rasgar de ímpeto
todo o papel,
mas meus sentidos
a impedem.
Pisquei na ardência
dos olhos secos
onde a lente mora
torce e distorce
números solertes
letras cadentes
prefiro por um momento
os olhos doloridos
de ver e entender
imagens mundanas
neblina na fronte
cegueira cansada
digo não ao domínio
da revolução em meu olhar
Tenho em mim o sonho do mundo
nada sou neste segundo
além das coisas mundanas
por um momento penso
neste lado do muro
onde pousa o vulto do ser
e esta estranha borboleta
doida que divaga e existe
ronda em nós seu silêncio triste.
Sensatez que desarma a vez da palavra e esta tenta e cala desata e fala pede a vez a vez da morte
a viuvez sem sentido tola busca da razão perdida em tanta confusão de rimas e ronronar rompimento da reza do rosário que tenho e trago no entrave da vida amo amo amo a perdida fala mais do que a quietude e quero a palavra linguagem escrita a letra na voz do vento lento brisa que emana e toda transforma e engana e sana e transcende a certeza da matéria corpo que busca e luta aqui aqui aqui
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Página publicada em março de 2024
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